O maior estudo sobre felicidade humana feito pela Universidade Harvard constatou que adultos que ajudam nos afazeres domésticos na infância têm mais chances de serem bem-sucedidos. Isso porque crianças que contribuem nas tarefas de casa percebem que são parte de uma equipe e se sentem aceitas e importantes.
A ajuda das crianças nas tarefas domésticas é fundamental para o desenvolvimento do pequeno, tanto pelos exercícios motores e perceptivos, como emocionais, por se sentir útil. Além disso, estimula a autoestima, a independência e forma um cidadão capaz de se situar em uma rede onde as pessoas fazem coisas umas pelas outras.
E agora que você já sabe a importância das crianças ajudarem nas tarefas domésticas, mesmo se você tem uma ajudante, vamos conversar sobre como incentivá-los.
Guardar os brinquedos, colocar a roupa no cesto para lavar, ajudar a arrumar a mesa podem parecer tarefas triviais e sem relevância no dia a dia, mas a verdade é que incentivar os filhos desde pequenos a colaborar com as atividades domésticas é importante para o desenvolvimento deles e para a harmonia da família com o passar dos anos.
Então, se você se sente perdida no que já pode pedir aos seus filhos, veja essa tabela de referência:
Mas não se iluda de que seu filho fará tudo e que será super fácil aplicar o que estamos conversando. Como tudo que se ensina às crianças, leva tempo e dá trabalho. Os minutos que um adulto gasta para organizar a bagunça depois da brincadeira, ou então para arrumar a cama ao acordar, por exemplo, se multiplicam quando são os pequenos que se esforçam para colocar tudo no lugar. E é claro que o trabalho não vai ficar tão bem feito.
Os lençóis não vão ficar tão esticados e os bichos de pelúcia talvez não fiquem todos no lugar certo. E por isso é preciso muita paciência da nossa parte. Teremos uma tendência enorme a atropelar o que as crianças fizeram ou criticar os adolescentes que ficou mal feito. CUIDADO!!!
Respeite o tempo e a habilidade de cada filho. Antes feito, que perfeito. Não fique refazendo tudo, filho é um chamado para controlarmos nossa vida e nossa casa e a prova viva disso. E por uma necessidade de controle nossa e pelo imediatismo que vivemos, podamos a criança pequena que sempre apresenta vontade e prazer em ajudar.
Muitas vezes negamos a ela pelo fato de não fazer corretamente como um adulto faria, ou pelo tempo que pode demorar para concluir a tarefa, mas incentivar as crianças nas atividades domésticas contribui não só para a noção de responsabilidade, que será de acordo com cada idade, como também auxilia na construção da autonomia. E olha que loucura, tolhemos tanto a criança e depois queremos que o adolescente faça tudo de bom grado. Faz sentido?
E precisamos pensar também que deixar a criança fazer as atividades, além do desenvolvimento da independência do pequeno, que vai se sentindo capaz de realizar algumas tarefas, isso colabora no aprendizado da convivência compartilhada.
Nossos filhos aprendem a partilhar num espaço onde todos contribuem e imprimem sua marca de alguma forma, desenvolvendo o sentimento de pertença, promovendo a responsabilidade e instalando a rotina, que é tão importante de acordo com os estudos de Harvard.
E como fazer a criança aprender?
Primeiramente, é super importante entender que não se trata de “treinar” as crianças para que façam algo, mas incentivá-las a perceber, através da convivência e do vínculo emocional, que elas vivem num mundo coletivo. Assim, de forma lúdica e com tarefas simples e claras, podemos mostrar aos nossos filhos, por exemplo, que pode ser divertido juntar os brinquedos, cozinhar juntos, apagar a luz ao sair de um ambiente, colocar a louça na máquina de lavar, dentre outras atividades.
Com crianças pequenas, crie músicas para os rituais, por exemplo:
– Quem vai ajudar, quem vai ajudar, a guardar? A mamãe está ajudando, o Theo também está…
Dá pra fazer competições saudáveis:
- Vamos ver quem vai juntar mais rápido? Adultos ou crianças?
- Vamos ver qual lado da mesas vai ficar mais arrumado?
- Vamos ver quem arruma o quarto primeiro?
Para os adolescentes, nunca rotule. Uma forma de se comunicar com o filho sem rótulos, críticas e julgamentos é usando a CNV, lembrando que se você já tem a cultura de todos se ajudarem mutuamente, o seu filho crescendo, já terá esse habito. Mas independente de como foi na infância, o respeito e empatia ao falar precisam ser sempre levados em conta para que consigamos encorajar nossos filhos:
- Filho, você nunca arruma seu quarto!Você é muito desorganizado e bagunceiro.
- Filho, hoje você não arrumou seu quarto. Notei que você arrumou somente 1 vez essa semana.
- Filha, você nunca arruma seu quarto, você é a pessoa mais bagunceira desse mundo!
- Filha, essa semana você arrumou seu quarto somente uma vez. Fico frustrada quando vejo que sua cama não está arrumada e seus objetos escolares espalhados porque preciso de apoio para manter a casa em ordem. (Evito classificação do comportamento da criança/adolescente e me concentro no meu sentimento, na validação e nomeação, em seguida da expressão da minha necessidade).
E a partir de tudo que conversamos é essencial que as broncas e cobranças sejam trocadas pelo incentivo, pela ajuda, pela paciência e pelo elogio. Nós precisamos fazer o possível para integrar as crianças nesse processo de forma lúdica e sem pressa, respeitando as habilidades e a idade de cada uma.
A importância dos exemplos dentro de casa
E não adianta conversamos com gentileza e interagirmos de forma lúdica se não fazemos a nossa parte, não é mesmo? Nossos filhos aprendem pelo exemplo e replicam em grande medida o comportamento dos pais e de outros membros da família.
Pensando nisso, é natural compreender que se todos em casa têm o hábito de colaborar com as atividades domésticas de forma rotineira, é mais provável que a criança também queira contribuir, pois isso será estimulante para ela. Porém, se os afazeres domésticos causam transtornos e trazem peso à rotina do lar, é possível que a criança reaja a isso.
Sem diferenças de gênero
Por fim, é sempre bom lembrar que não cabe qualquer diferenciação nas tarefas atribuídas a meninos e meninas. As atividades domésticas dizem respeito à aprendizagem e ao cuidado do espaço em que se vive, aos limites entre o eu e o outro, à construção de autonomia e independência, e à consciência de pertencimento. Nada disso diz respeito a gênero.
Espero ter levado um pouco mais de suavidade para a organização da sua casa e se você ainda não consegue se organizar na rotina do seu lar, te convido a assistir o vídeo abaixo e se inscrever no meu canal do Youtube para receber semanalmente um conteúdo super importante para o seu maternar:
E quem é a Fernanda Teles?
Sou Fernanda Teles, psicóloga e uma mãe apaixonada pela educação positiva, criativa e transformadora. Coach familiar, contadora de histórias, educadora parental e em sala de aula pela Positive Discipline Association (PDA/USA), certificada internacionalmente pela Escola de Parentalidade Positiva de Portugal em educação positiva e formação em Educação Consciente com a psicanalista Americana Dr Shefali.
Pós-graduada em Gestão de Pessoas (Fundação Dom Cabral), MBA em Gestão de Negócios (International School of Management de Paris, com módulos combinados na Saint John University em Nova York) e Mestrado em Educação (UIT).
Eu só não acredito, como tenho a certeza de que vamos mudar o mundo por meio de uma educação realmente mais positiva.
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