Meu filho sempre tem razão?

(Assista à reflexão completa clicando aqui: https://www.instagram.com/tv/CViWYjppztI/)

Quando uma mãe me fala: meu filho não está se comportando bem, está fazendo manha, jogando comida no chão, está me desafiando, batendo no amiguinho, batendo a porta do quarto, gritando comigo…eu sempre encorajo essa família a fazer algo de muita coragem e consciência parental:

– Olhe para seu filho nos olhos e pense: ELE TEM RAZÃO! Não há habilidade parental maior e mais sábia do que enxergar os motivos de nossos filhos por trás de cada comportamento.

Mas infelizmente, em um mundo parental controlador e autoritário, afirmar que a criança sempre tem razão pode parecer um completo absurdo para muitos de nós, não é mesmo?

Pois vou te mostrar que sim! A criança sempre tem razão! E por não conseguirmos enxergar a sua razão e focarmos apenas nos comportamentos aparentes e superficiais, perdemos a chance de entendermos a fundo seus motivos!

Mas Fernanda, se meu filho bate na irmã, grita comigo, dá uma birra porque não quer ir tomar banho, chora “por nada”…Como você pode falar que ele tem razão?

Pra começo de conversa, ir para esse lugar onde a criança de aceitação de que a criança tem razão, não significa que você concorda com o que ela esteja fazendo e muito menos que está incentivando ela a continuar com o mesmo comportamento, tá?

É o seguinte: quando estamos diante de um desafio de comportamento de nossos filhos, nossa tendência é punir, castigar, gritar e julgá-los imediatamente. Queremos eliminar aquela situação da nossa frente o mais rápido possível! Quando nossos pensamentos nos fazem acreditar que a criança não deveria fazer essas coisas e ter determinadas atitudes, sofremos. Ou seja, quando brigamos com a realidade e não aceitamos o que a criança está trazendo, sofremos. Quando não aceitamos as coisas como elas são, ficamos reféns de pensamentos e atitudes grosseiras e automáticas com nossos filhos que nos contaminam com mau humor, estresse, tristeza, frustração. Nos sentimos vítimas e incapazes de fazer algo a respeito.

Agindo nesse modo tão superficial, nos desconectamos totalmente com o momento presente e com as necessidades de nossos filhos! Mas quando entendemos que a criança sempre tem um motivo para agir como age, que ainda lhe faltam recursos para agir de forma adequada e de que ela está sempre tentando o melhor que pode, nos tornarmos muito mais compassivos e pacientes! Precisamos naturalizar que nosso papel é desvendar o que ela está tentando comunicar quando se comporta assim e mais: ser guia, ser modelo, ser alguém que vai ensiná-la habilidades de vida valiosas!

E quais podem ser os motivos que levam a criança a agir de forma socialmente inadequada (birras, teimosia, desobediência, etc?) Quando necessidades básicas da criança e da adolescente não são atendidas, a criança cria crenças e esquemas que são padrões negativos de comportamento na tentativa de que essas necessidades sejam atendidas. E o mais triste é que essas crenças vão sendo cristalizadas na vida adulta, ou seja, quando não atendidas na infância, se tornam buracos emocionais e os adultos usarão de recursos infantis para satisfazerem suas necessidades. Um exemplo é de uma mulher adulta, casada, com filho, que ainda busca a aprovação de seus pais para todas as suas decisões. Ela provavelmente não teve a necessidade de segurança bem atendida na infância e continua repetindo esse padrão.

Segundo a neurociência, temos 3 necessidades:

Segurança
Conexão
Satisfação

E se formos mais a fundo, podemos pensar nas principais necessidades básicas de uma criança e adolescente para se sentirem bem e o melhor: encorajados a agir bem!

1) Afeto e carinho
2) Autonomia e desempenho
3) Limites com afeto
4) Desejos e aspirações
5) Expressão emocional

Quando tentamos enxergar o que há por trá dos comportamentos dos nossos filhos, ou seja, qual necessidade não está sendo atendida por nós, podemos atuar na origem do problema, ajudando a criança a se sentir melhor para não precisar agir mais de forma inadequada. Afinal, de onde tiramos a ideia absurda de que para fazer uma criança agir bem, primeiro precisamos fazê-la se sentir mal com castigos, gritos e ameaças?

Precisamos aprender a aceitar a realidade como ela é e a confiar em tudo o que nossos filhos expressam! Quero te ajudar a mudar seu olhar sobre o comportamento dos seus filhos, abrindo seu coração para aceitar o que eles estiverem manifestando em qualquer ocasião, por mais incompreensível que te pareça. Pode parecer estranho para você, mas pode ter certeza de que seu filho tem as razões dele e ele só precisa do seu acolhimento!

Para isso, vou te propor uma reflexão:

Pense em um modo de agir parental automático, controlador e autoritário, e que todos nós temos, como por exemplo:
– “Meu filho deveria me escutar direito”
– “Meu marido não deveria me compreender melhor”
– “Minha filha não deveria estar dando birra agora no meio do supermercado”
– “Meu filho precisa ser mais obediente”

Agora vamos repensar e desconstruir esse modo de agir, reagir e pensar. Um exemplo: Se acredito que MEU FILHO NÃO ME ESCUTA:

Será que eu estou sendo capaz de escutá-lo? Será que ele não me ouve por não se sentir escutado e ele está precisando gritar pra ver se eu o escuto de verdade? Estou sendo um exemplo para ele do que é escutar alguém? Qual necessidade não atendida está levando meu filho a agir assim? Será que estou bloqueando sua necessidade de expressão emocional e não criando um espaço seguro de fala e por isso ele está agindo dessa forma? Será que estou sabendo me comunicar com ele de forma eficaz? Estou usando bem as palavras? Estou sendo empática? Estou querendo que me escute ou estou exigindo que faça algo? Estou querendo controlá-lo, manipulá-lo? Estou respeitando sua opinião? Estou aberta pro que ele tem a dizer ou estou esperando uma determinada resposta?

TROQUE:
– Não aguento mais ver meu filho batendo e implicando o irmão toda hora!

POR:
– Por que será que ele está precisando bater no irmão? Qual necessidade não está sendo atendida? Como posso ajudá-lo?

Concluindo: TUDO O QUE A CRIANÇA FAZ ESTÁ CERTO. Mesmo que seu comportamento seja questionável, existe um motivo para ela agir assim, existe uma necessidade por trás de uma criança que agride, ignora, grita ou chora. Achar que ela não deveria fazer isso não a ajuda. Pedir que ela não faça isso não resolve. O que temos que fazer é buscar a origem, a razão que faz com que ela utilize este recurso para se comunicar ou se expressar. Em lugar de julgá-la, temos que tentar entender de que forma podemos ajudá-la. E buscar o que em nós está sendo refletido no comportamento dela, o que será que estamos fazendo ou deixando de fazer, ver se como estamos nos comportando pode estar interferindo na forma como ela age. Este é um trabalho sincero de investigação pessoal, em que nos responsabilizamos por nosso papel como pais, sem acreditar que o problema está apenas na criança. Sei que muitos pais resistem a esta forma de ver as coisas, e tudo bem. Eu só venho aqui compartilhar minha experiência e fico muito grata quando faz sentido para você também!

 

(Assista à reflexão completa clicando aqui: https://www.instagram.com/tv/CViWYjppztI/)

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