Para responder a essa pergunta, a primeira questão super importante que preciso pontuar é: autoridade não tem absolutamente nada a ver com autoritarismo! Pelo contrário, você pode, inclusive, perder a sua autoridade por ser autoritário demais. Seus filhos podem começar a ter medo de você ou se rebelar totalmente. Ou seja, nenhuma das duas opções são desejáveis, certo? E vou te mostrar que é totalmente possível ser autoridade sem ser agressivo e sem precisar estar no controle dando ordens o tempo todo.
Segunda questão essencial: pare de querer filhos obedientes! A obediência cega desenvolve adultos passivos, acoados e sem posicionamento frente ao mundo. Precisamos criar filhos autênticos, que expressem seus desejos de forma clara, que lutem pelos seus direitos e sejam respeitados pelo que são. A obediência silencia e nega a criança a oportunidade de ser quem ela nasceu para ser.
Mas somos tão enganados com as palavras obediência e autoridade. Com essa busca incessante por esses dois conceitos na prática, passamos por cima dos nossos filhos como tratores. É preciso entender que desobediência não está ligado a falta de autoridade e que isso não justifica agirmos com autoritarismo.
Mas então eu preciso ser permissiva e permitir que meu filho seja desobediente, Fernanda?
Não, você precisa criar um vínculo seguro com seu filho e desenvolver uma relação colaborativa e não de obediência. Colaborar é muito mais rico em termos de desenvolvimento de habilidades de vida do que obedecer. Faz sentido para você? E só vamos conseguir essa colaboração por meio do respeito mútuo. É fato, seu filho vai te respeitar se você respeitá-lo! É uma via que precisa ser de mão dupla. E quanto mais cedo você estabelecer esse relacionamento seguro, com muita conexão e vínculo com seu filho, mais fluido será esse movimento colaborativo na família. Veja algumas considerações e dicas importantes para você conseguir desenvolver essa autoridade de forma muito respeitosa:
1. Mau-comportamento não significa rebeldia
Muitas vezes, um mau comportamento da criança deixa em evidência uma emoção que não sabe expressar e muito pais, infelizmente, já interpretam como desobediência e tratam o fato com castigos, gritos e punições. Em outras, seu objetivo é sentir-se querido e sentir que pertence à família e o que diz tem importância. Logo, um mau comportamento não tem porque ser um sinal de rebeldia ou afrontamento. A criança não está nos testando ou manipulando a todo o tempo, como muitos acham. Ela está simplesmente tentando se sentir aceita e importante e tem dificuldades de interpretar a realidade corretamente. Nossos filhos estão em constante aprendizado de como se relacionar com as pessoas em seu entorno, conseguem perceber, por exemplo, que seus pais se chateiam, mas quando vivencia ela mesma essa emoção, não sabe como lidar. A birra é uma das formas de expressar e desafogar suas frustrações e o descontrole emocional do adolescente é a mesma coisa.
2. Conexão antes da correção
Conectar com nossos filhos cria neles sensação de segurança, confiança, abertura e proximidade. Gritos, palmadas e castigos nos distanciam e não criam oportunidade de colaboração. Por isso, coloque-se sempre no lugar de seu filho e empatize-se com ele, lembrando-se sempre que ele ainda não tem as estruturas psíquicas para agir como um adulto. Seja para seu filho o adulto que você gostaria de ter em sua infância, alguém que te respeitasse e te ajudasse em todos os problemas da vida.
3. Escuta empática
Tenha um tempo para se sentar com os filhos e falar sobre o dia. Interesse-se por suas coisas. Quando eles estiverem falando, escute sem fazer julgamentos. Pratique a escuta ativa e desenvolva uma comunicação positiva com seus filhos.
4. Compartilhe seus pensamentos e emoções
Fale de você, suas dificuldades, sentimentos, dores. Seja de verdade com seus filhos, se vulnerabilize com eles também. A conexão genuína acontece quando há honestidade emocional de ambas as partes. Modele para seus filhos que existe um espaço seguro entre vocês dois para que ambos os lados se expressem.
5. Valide suas emoções
Todos nos sentimos conectados quando nos sentimos compreendidos. Assegure-se de fazer chegar a ele sua mensagem de amor.
6. Encoraje as atitudes positivas
Expresse com encorajamento os comportamentos positivos. Isso nos aproxima uns dos outros. Eles se sentirão bem e aprenderão a distinguir as boas ações. Seja agradecido: “Gosto que tenha deixado que sua irmã jogar com seu brinquedo. Sei que é especial para você. Ela se divertiu muito. Obrigado por compartilhar.” Os abraços são sempre um modo de mostrarmos o quão são queridos e amados.
7. Faça combinados que envolvam o a criança e o adolescente
Quando uma situação não estiver fluindo bem em casa, por exemplo, notas escolares baixas, sente-se com seu filho, ouça-o e combinem juntos o que pode ser feito. Ouça muito e faça bastante perguntas curiosas para que ele tente chegar à conclusão de quais combinados podem ser interessantes para que consiga, com sua ajuda, melhorar as notas. De novo, castigos e punições só vão te afastar do seu filho e gerar uma raiva grande dentro dele. É isso que você quer?